O que o passado da fazenda pode dizer sobre o futuro?

O futuro nada mais é do que um reflexo do passado. Geralmente problemas tendem a se repetir, e por muitas vezes não somos capazes de identificar e rastrear suas causas e, por consequência, não conseguimos tomar uma ação efetiva para interromper este ciclo. Em uma fazenda leiteira, muitos problemas sanitários tendem a se repetir e causar impactos nas mesmas épocas do ano. Por exemplo, em épocas de muita chuva é comum vermos os casos de mastite aumentarem e o impacto econômico vai de acordo.  


Já parou para pensar quantos casos de mastite a fazenda teve ao longo do ano? Quantos casos de tristeza parasitária? Quantos casos de pneumonia? E o quanto de dinheiro está deixando de entrar em caixa?  


Quanto a fazenda pode evoluir se as causas destes problemas forem mitigadas e o índice de novos casos de doenças baixar, ou até mesmo um tratamento precoce para diminuir os impactos a lactações futuras?  


Com margens de lucro cada vez mais apertadas, a demanda por tomadas de decisão assertivas, ou seja, decisões mais seguras, feitas a partir da análise de dados e que reflitam em resultados futuros são obrigatórias para garantir o crescimento do negócio.  O sistema de monitoramento Cowmed é uma ferramenta completa que facilita muito o processo de detecção precoce de doenças, a coleta e análise dos dados da sua fazenda. Nesta matéria você entenderá a importância da utilização dessa ferramenta para o crescimento do seu negócio. Trouxemos as análises anuais como exemplos, as principais causas da doença e os impactos econômicos que isso gera para a fazenda. 


Por que a análise de dados é importante? 


Ao longo de um ano muitas doenças acometem os rebanhos, mas quantas são exatamente? Desenvolver um plano estratégico anual de uma fazenda exige entender o que se passou nos últimos 12 meses, analisar os números do negócio, pontos onde estão ocorrendo os maiores problemas e perdas. Para isso, coletar os dados relevantes em uma plataforma que ofereça praticidade, não atrapalhando a rotina diária da fazenda, e que depois disponibilize a análise destes mesmos dados de forma simples e rápida com apenas alguns cliques é essencial para a estratégia da fazenda. 


O sistema Cowmed conta com diversas análises que vão servir de base para as tomadas de decisão. Quer ver na prática como podemos ajudar? Clique aqui e faça um teste grátis do sistema Cowmed. 


Na aba Cow analytics você tem acesso a vários relatórios para analisar seu negócio. Vamos te ajudar neste post a entender como a análise de saúde da sua fazenda pode te ajudar. 



Dentro da listagem de saúde é possível analisar os dados mais relevantes de forma extremamente visual e prática. Isso é essencial nesse processo de planejamento estratégico. 




Veja nos cases a seguir como utilizar as funcionalidades do sistema para maximizar seus resultados. 


Case 1- Mastite 


Na análise dos últimos 12 meses deste case, podemos observar que 62% dos casos de doenças diagnosticadas e registradas no sistema foram de mastite clínica, com um total de 389 casos em um rebanho de, em média, 1300 animais. O próximo passo é entender as causas deste número elevado de casos de mastite e tentar rastrear com uma estratégia de causa/efeito e identificar o que pode ser feito para auxiliar a fazenda. 


O que é e principais sintomas? 


A mastite é a inflamação do parênquima da glândula mamária, causando uma série de alterações no leite bem como modificações patológicas no tecido glandular. A mastite clínica tem como sintomas nos animais: edema, aumento de temperatura, endurecimento, dor na glândula mamária, grumos, pus ou qualquer alteração das características do leite. Na forma subclínica não se observam alterações macroscópicas e sim alterações na composição do leite; portanto, não apresenta sinais visíveis de inflamação do úbere, sendo detectados nos testes CMT e CCS (Ribeiro, 2003). 


Causas 


A mastite pode ser subdividida em duas grandes categorias Contagiosa e Ambiental.  

No caso de mastite contagiosa, as principais bactérias envolvidas são Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis, Staphylococcus aureus e Mycoplasma spp. O modo de transmissão mais comum desses microrganismos envolve a transferência de leite contaminado de uma vaca para a outra. Cuidado ao ordenhar vacas contaminados, se certifique que a ordem das vacas ordenhadas está correta.  


Na mastite ambiental incluem a espécie de estreptococos (S. uberis e o S. dysgalactiae são os mais prevalentes, e o menos prevalente é o S. equinus). No grupo dos coliformes ambientais, encontram-se as bactérias Gram-negativas (Escherichia coli, Klebsiella spp., Citrobacter spp., Enterobacter spp., E. faecalis e E. faecium). Importante sempre uma investigação da cama dos animais e do ambiente que eles estão inseridos.  


Perdas econômicas 


Na análise anual, podemos observar que 62% dos casos de doenças foram de mastite clínica, agora que você entendeu as causas e o que investigar, vamos entender as perdas econômicas que essa doença pode causar no seu bolso.  


  • Tempo médio de tratamento*: 4 dias. 
  • Tempo médio de descarte de leite*: 5 dias. 
  • Produção média*: 30 litros. 
  • Preço médio pago ao produtor*: R$ 2,1093. 


Neste caso foram 9 dias de descarte de leite x produção média dos animais de 30 litros x preço médio do litro do leite a R$ 2,1093: R$ 569,51, ou seja, cada caso de mastite gera uma perda da venda do leite neste valor sem contar gastos com medicamentos, apenas descartes de leite.  

Multiplicando pelo número de casos durante os 12 meses da avaliação, que foi de 389 casos, podemos observar um total de R$ 221.539,39 que deixaram de entrar no caixa da fazenda. 

Fica o questionamento. É possível diminuir este % de casos na fazenda? Qual o impacto financeiro que ações para redução de casos podem gerar? 

*O tempo de tratamento, de descarte e média de produção foram calculados em média para o entendimento deste artigo. Os valores para o cálculo dos custos foram de acordo com o boletim do leite de 2022 (CEPEA). 

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Case 2 - Tristeza parasitária bovina (TPB) 


Neste caso podemos observar uma incidência maior de casos de Tristeza Parasitária Bovina, representando 25,7% de todos os casos diagnosticados e registrado no sistema Cowmed de um rebanho de, em média, 1800 vacas. Neste caso também se observa muitos problemas de casco e cetose, mas vamos analisar os impactos apenas de TPB. Da mesma forma, devemos buscar analisar quais são as causas e quais as possíveis ações a serem tomadas. 



O que é e principais sintomas? 


A Tristeza parasitária bovina (TPB) é um complexo de doenças causadas por infecções parasitárias (carrapatos e moscas) não contagiosas. Os sinais clínicos iniciam duas a três semanas após a inoculação do agente causador, se caracterizando por febre de 40 a 41,5 °C, anemia, apatia, palidez das mucosas, inapetência, desidratação, perda de apetite, anorexia, tremores musculares, taquicardia, taquipneia, movimentos ruminais reduzidos, queda na produção de leite (Bahia et al., 2020). 


Causas 


No Brasil os principais agentes causadores dessa enfermidade são Anaplasma marginale, a Babesia bovise B. bigemia, muito comum em regiões tropicais e subtropicais, gerando perdas no desenvolvimento dos animais e econômicas. 

A Anaplasmose se inicia a partir da inoculação do patógeno no bovino pelo vetor invertebrado (carrapato e moscas), a transmissão da anaplasmose tem maior frequência e pode ter importância epidemiológica em algumas regiões do mundo, ocorrendo, principalmente, entre o terço médio e final da gestação, podendo causar aborto (Brito et al., 2019). 

O carrapato transmite B. bovis apenas pelas formas larvares, pois o ciclo dessa espécie no carrapato termina no final da fase de larva, já na B.  bigemina, é ao contrário e pode ser transmitida desde o estágio de ninfa até parte do estágio adulto (Santos, 2013).   


  • Importante produtor, cuidar a presença de carrapatos de moscas no sistema de produção e sempre ficar em alerta. 


 

Perdas econômicas 


Na análise, podemos observar que 25,7% dos casos de doenças foi de TPB, somando um total de 776 casos na base de dados, um valor significativo de casos. Quais os impactos que essa doença pode causar no caixa da fazenda? Veja só uma estimativa das perdas: 


  • Tempo médio de tratamento*: 3 dias. 
  • Tempo médio de descarte de leite*:  5 dias. 
  • Produção média*: 30 litros. 
  • Preço médio pago ao produtor*: R$ 2,1093. 


8 dias de descarte de leite x produção média dos animais de 30 litros x preço médio do litro do leite a R$ 2,1093*: R$ 506,23, ou seja, cada caso de TPB terá uma perda em venda de leite neste valor. 

Multiplicando pelo número de casos durante os 12 meses da avaliação que foi de 776 casos, podemos observar um impacto total de R$ 392.834,48

*O tempo de tratamento, de descarte e média de produção foram calculados em média para o entendimento deste artigo. Os valores para o cálculo dos custos foram de acordo com o boletim do leite de 2022 (CEPEA). 


Case 3 - Pneumonia 


No terceiro case temos um rebanho de em torno de 150 vacas. A doença que mais tem impactado a fazenda é a pneumonia, representando 35,7% de todos os casos diagnosticados e registrados.  




O que é e principais sintomas? 


A pneumonia é definida pela inflamação nos pulmões. Afeta todas as espécies, mas por etiologias variáveis. Ela também é conhecida como Doença Respiratória Bovina (DRB), sendo uma enfermidade de alta prevalência e de grande importância econômica em todo o Brasil. Os sintomas são: aumento de temperatura corporal, presença de tosse (induzida ou espontânea), secreção nasal, secreção ocular, dificuldade e ruídos respiratórios, apatia e fraqueza (Radotits, 2010). 


Causas 


As causas são várias, entre elas podemos citar: a inalação de conteúdos ruminais, vírus, bactérias, entre outras. Os prejuízos econômicos dependem da severidade do quadro, uma vez que os gastos podem variar entre medicação e manejo, diminuição da produção de leite, atraso na vida reprodutiva do animal, além da alta taxa de mortalidade. 

  • Fique de olho nos sintomas e, quanto antes você diagnosticar e iniciar o tratamento menos perdas produtivas, reprodutivas e econômicas.  


Perdas econômicas 


Na análise anual, podemos observar que 35,7% dos casos de doenças foram de pneumonia, após avaliar as possíveis causas vamos ver os impactos financeiros. 


  • Tempo médio de tratamento*: 5 dias. 
  • Tempo médio de descarte*: 5 dias. 
  • Produção média*: 30 litros. 
  • Preço médio pago ao produtor*: R$ 2,1093. 


10 dias de descarte de leite x produção média de 30 litros x preço médio do litro do leite a R$ 2,1093*: R$ 632,79.  

Cada caso gerou uma perda em volume de leite estimada de R$ 632,79 Multiplicando pelo número de casos durante os 12 meses da avaliação que foi de 5 casos, podemos observar um total de R$ 3.163,95 que deixou de girar dentro da fazenda. 

*O tempo de tratamento, de descarte e média de produção foram calculados em média para o entendimento deste artigo. Os valores para o cálculo dos custos foram de acordo com o boletim do leite de 2022 (CEPEA).


Tomada de decisão 


Quando analisamos os dados da fazenda e geramos os relatórios de cada uma é possível identificar os pontos fracos e problemas que mais afetam o retorno financeiro e tomar ações planejadas para reduzir os impactos dos problemas. Cada fazenda tem seus próprios gargalos e, por consequência, diferentes prejuízos financeiros como vimos nos cases. Indiferente do tamanho do impacto financeiro o sistema de monitoramento da Cowmed pode auxiliar você e sua fazenda a melhorar seus resultados. 


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Fontes consultadas.


Bahia, M., Silva, J.  S., Gontijo, I.  S., Cordeiro, M.  D., Santos, P.  N., Silva, C.  B., Nicolino, R.  R., Mota, D.  A., Silva, J.  B., & Fonseca, A.  H.  (2020). Characterization  of  cattle  tick  fever  in  calves  from  the  northwestern  regionof  Minas  Gerais,  Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 29(1), e017119. 

Brito, L. G., Barbieri, F. S., Ferreira, T. A. A., Carneiro, D.S., Amaral, T. M., Figueiró, M. R., & Oliveira, M. C. S. (2019). Transmissão congênita de Babesia bovis e Anaplasma marginale na epidemiologia da tristeza parasitária bovina.Embrapa Amazônia Oriental, Circular Técnica 48. Belém: Embrapa. 

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP, Boletim do Leite; Ano 28 nº 320 | fevereiro – 2022. Disponível em: https://cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0861489001645193487.pdf  

Ribeiro, M. E. R., Petrini, l. A. Aita, M. F., Balbinotti, m. Relação Entre Mastite Clínica, Subclínica Infecciosa e Não Infecciosa em Unidades de Produção Leiteiras na Região Sul do Rio Grande do Sul. Revista brasileira de Agrociência, v. 9, n. 3, p.287-290, 2003. 

Santos, L. R., Gaspar, E. B., Benavides, M. V., & Trentin, G. (2019). Tristeza Parasitária Bovina –Medidas de Controle Atuais. In: Andreotti, R., Garcia, M. V., Koller, W. W. Carrapatos na cadeia produtiva de bovinos. Campo Grande: Embrapa. 

Júlia Fernandes Aires

Analista De Customer Sucess

Técnica em Agronegócio (SENAR); Zootecnista e Licenciada em Educação profissional (UFSM), Mestra em Zootecnia (UFSM), atualmente doutorando em Zootecnia na UFRGS.

Ezequiel Alan Weber

Analista de Marketing

Formado em Gestão do Agronegócio, MBA Gestão Financeira, MBA Administração, Agronegócio e Finanças