Atualmente, uma fazenda eficiente é aquela que possui alta produção de leite e bons índices reprodutivos no plantel, ou seja, é aquela que busca ser eficientemente produtiva e, com isso, alcançar retorno econômico. A eficiência reprodutiva do rebanho é um dos principais fatores que afetam a lucratividade do sistema, pois ele está ligado diretamente com a produção de leite, a taxa de descarte, taxa de reposição, redução de custos, entre outros. Bons índices reprodutivos significam maior produção de leite por vaca, mais novilhas para reposição e principalmente menores taxas de descarte involuntário (o proprietário descarta a vaca por estar vazia e não pelos seus resultados produtivos e sanitários).
Problemas reprodutivos
São vários os fatores que comprometem os índices reprodutivos de um rebanho leiteiro como falha na detecção de cio, problemas de casco, má qualidade do sêmen ou touro utilizado. O ambiente entra como um dos fatores importantes, principalmente no verão, onde em dias de estresse térmico as vacas tendem a não manifestar estro. Além disso, as doenças infecciosas que atingem o sistema reprodutivo são responsáveis por mais de 50% da morte fetal e embrionária em bovinos leiteiros, que se não controladas podem trazer sérios prejuízos para o produtor. Doenças pós-parto também afetam os índices reprodutivos, pois prolonga o tempo ao primeiro serviço, aumenta o intervalo entre partos, como resultado queda na produção de leite.
Doenças reprodutivas de maior impacto econômico na pecuária de leite
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina – IBR
É uma doença infecciosa viral causada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV1). Os sinais clínicos apresentados são produção excessiva de saliva (sialorreia), febre, baixo consumo de alimento, baixa disposição, redução na produção de leite, secreção nasal e ocular inicialmente seroso podendo se tornar mucopurulento. A transmissão pode ocorrer de várias formas como tosse, espirro e saliva, que pelo contato direto contamina outros animais. Por via genital através da cópula, e também da forma vertical passando da mãe para o feto em qualquer fase da gestação, sendo essa a principal preocupação, pois ocorre abortamento espontâneo.
Uma das características dessa doença é que a partir do momento que o animal se contamina ele irá ser portador da doença pelo resto da vida. O vírus fica em estado de latência, ou seja, o animal possui o vírus no organismo, porém não demonstra sinais clínicos. Entretanto, situações estressantes como mudança de dieta, mudança de lote, parto e superlotação acaba baixando a imunidade do animal reativando o vírus no organismo apresentando os sinais clínicos e disseminando o vírus através das secreções.
Atualmente no Brasil existem diversas vacinas para prevenção da IBR no rebanho leiteiro como vacinas com vírus inativado, bi valentes (IBR e BVDV) e poli valente (IBR/IPV, BVDV, P13 e Leptospiras).
Diarreia viral bovina (BVD) – Viral
Doença ocasionada pelo vírus da diarreia viral bovina tipo 1 e tipo 2. Os sinais clínicos são descargas nasais, produção excessiva de saliva, tosse, diarreia, curto período febril, feridas e ulcerações na boca e gengiva e redução da produção de leite. A transmissão ocorre a partir do contato com partículas de secreções infectadas, também através do sêmen contaminado na hora da cópula e pela transmissão vertical, onde a mãe passa para o feto em qualquer período da gestação, podendo causar aborto, má formação fetal também como o nascimento de animais PI (Persistentemente infectado) que poderá transmitir o vírus pelo resto da sua vida. O diagnóstico é realizado através da observação de sinais clínicos bem como a utilização de exames laboratoriais que identificam o agente nas secreções como ELISA e PCR, e também a partir do exame sorológico do animal.
Leptospirose
É causado por bactérias do gênero Leptospira spp, há cerca de 250 espécies de sorovar desse gênero com diferentes graus de manifestação que infectam diferentes espécies de animais, o sorovar que afeta bovinos é o Harjo. Essa doença afeta principalmente o sistema reprodutivo dos bovinos causando abortos, natimortos, má formação fetal e infertilidade em fêmeas adultas. Em casos agudos, ocorre nefrite (inflamação dos rins) e septicemia (inflamação generalizada). O diagnóstico é realizado pelo teste MAT (Soro-aglutinação Microscópica) que detecta os anticorpos anti-Leptospira no soro sanguíneo, também pode ser realizado exame PCR e isolamento da cultura. A leptospirose é uma zoonose, ou seja, é transmissível para o ser humano por isso os cuidados ao manipular restos placentários, natimortos ou secreções são de fundamental importância. Atualmente, no Brasil possui vacinas para controle da doença que deve ser realizada de 6 em 6 meses em animais jovens.
Brucelose
Causada pela bactéria Brucella abortus, considerada uma doença infecto-contagiosa ou seja, de fácil e rápida transmissão. A Brucella abortus ataca principalmente o sistema reprodutivo feminino e masculino, onde nas fêmeas ocorre aborto no terço final de gestação, nascimentos prematuros, natimortos, retenção de placenta, endometrites e mastites. Nos machos causa orquite (inflamação dos testículos), epididimite (inflamação do epidídimo) e esterilidade. A brucelose é considerada uma zoonose, a transmissão para o ser humano pode ocorrer através da ingestão de leite e carne contaminada, manipulação de restos de aborto e o manejo incorreto da vacina. A transmissão entre os animais ocorre pela ingestão de pastagens e água contaminada pelas secreções placentárias. A prevenção da doença se dá pela vacinação de todas as fêmeas bovinas entre 3 e 8 meses com a vacina B19, medida essa de caráter obrigatório para todas as fazendas ao qual pertence ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose. O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos e pelo exame sorológico ou bacteriológico com o isolamento da cultura. Animais positivados são sacrificados pois realizar o tratamento no Brasil é proibido.
Neosporose
Doença parasitária causada pelo protozoário Neospora caninum. O Neospora caninum é eliminado pelas fezes de cães, que são considerados hospedeiros definitivos da doença. Ataca principalmente o útero de vacas causando aborto, retorno ao cio e dificuldade em emprenhar. É uma infecção congênita, pois quando a mãe é infectada acaba transmitindo a doença para o feto na gestação. O período gestacional em que a vaca é contaminada interfere na permanência ou não da prenhez. Quando infectadas no terço inicial, o feto acaba morrendo por não ter imunidade suficiente, ocorrendo absorção e logo a vaca entra em cio novamente A contaminação no meio da gestação, pode vir a causar aborto ou o bezerro nasce já portador da doença. Já no final da gestação, o feto possui imunidade vindo a nascer normalmente, porém também será portador da doença pelo resto da vida, vindo a manifestar os mesmos sintomas na fase adulta. O diagnóstico se dá através de exame sorológico de cada animal. Não há tratamento para a Neosporose, somente medidas podem ser tomadas para prevenir a ocorrência na propriedade como: descarte de todos os animais soropositivos, remoção de todos e quaisquer restos placentários e abortivos, proteger fontes de água e alimentos para não serem contaminados pelas fezes dos cachorros.
Principais Problemas no Pós-Parto de vacas leiteiras
O período de transição é o momento mais importante da vida produtiva das vacas leiteiras, geralmente nesta fase os animais irão passar por alterações de manejo que impactam diretamente seus hábitos comportamentais, como sabemos, vacas são animais que gostam de rotina, e tais alterações podem gerar grandes impactos na lactação seguinte dependendo de como for conduzida.
No terço final da gestação ocorre um maior desenvolvimento do feto, aumentando as exigências nutricionais da vaca e, consequentemente, diminuindo o espaço antes disponível para comida para acomodar o bezerro ou bezerra. Os reflexos de transições mal feitas podem ser observados em maiores índices de ocorrências de doenças no pós parto. Vejamos os principais problemas reprodutivos do pós-parto.
Retenção de Placenta
A retenção de placenta é uma falha na expulsão das membranas fetais após o parto. É considerada retenção de placenta o atraso da expulsão em até 6 horas após o parto. Vários fatores podem desencadear nesse distúrbio como: partos distócicos e gemelares, natimortos, dietas mal equilibradas no período pré-parto que ocasiona uma deficiência de nutrientes, hipocalcemia, problemas hormonais e os altos níveis de estresse ocasionado pela falha de manejo no período de transição. Vacas mais velhas são mais propensas a apresentarem retenção de placenta, porém pode ocorrer em novilhas o que se torna preocupante nesses casos, pois pode comprometer futuras reproduções. Em estudos realizados, a retenção de placenta traz um prejuízo de cerca de 250 litros a menos na média de produção de leite.
Endometrite
É uma das infecções uterinas, ou mais precisamente infecção do endométrio uterino, que pode ser classificado em clínica e subclínica. A endometrite clínica apresenta secreção purulenta ou mucopurulenta, esse sinal clínico geralmente aparece cerca de 20 dias após o parto. Na endometrite subclínica não se observa nenhum sinal visível, onde é necessário realizar exame citológico uterino, na qual se observa a presença de neutrófilos, a quantidade de neutrófilos presentes é o que vai definir se é ou não uma endometrite. Geralmente vacas acima de 40 dias após o parto com 5% de neutrófilos presentes é diagnosticada com endometrite subclínica.
Metrite
Infecção uterina causada por bactérias. Causa inflamação de todas as camadas uterinas como o endométrio, submucosa, mucosa e serosa. É caracterizada pelo aumento do volume do útero, com descarga de secreção vermelho amarronzada até a cor mais esbranquiçada, com pus e odor muito forte. Geralmente esses sinais são manifestados do segundo dia após o parto até duas semanas após o parto. Normalmente a Metrite está relacionada com a retenção de placenta, partos distócicos e gemelares. Também o estado nutricional dessa vaca influencia no aparecimento da metrite após o parto, onde vacas que possuem um escore igual a 2 e a 4 são mais susceptíveis.
Para saber mais sobre os reflexos do período de transição, leia este artigo que preparamos sobre o assunto.
Quais as ferramentas posso utilizar?
Os problemas reprodutivos em uma fazenda envolvem uma séria de fatores, como já citado anteriormente, portanto buscar identificar as causas é essencial para encontrar as melhores soluções disponíveis no mercado.
Uma delas é o monitoramento CowMed que, com o monitoramento 24 horas por dia é possível acompanhar individualmente cada vaca, com gráficos acumulados que mostram atividade, ruminação e tempo de ócio de hora em hora, tendo em mãos alertas de saúde classificados em Desafio, Observação e Grave que são gerados através da variação do comportamento dos animais (como queda na ruminação e atividade e aumento do ócio), com isso o produtor consegue diagnosticar doenças antecipadamente obtendo maiores chances de salvar seus animais.
Como podemos observar abaixo um caso de Metrite Puerperal Aguda diagnosticado três dias logo após o parto, podemos observar que o animal alertou Observação e logo após o alerta Grave, onde imediatamente o veterinário da propriedade examinou o animal obtendo o diagnóstico.
Outro exemplo é de um caso de Retenção de Placenta, onde a vaca no período que antecede o parto já vinha apresentando um comportamento mais alterado com queda na ruminação e aumento do ócio que fez o animal entrar em Desafio, e logo após o parto esse comportamento teve uma piora fazendo com que o sistema alertasse para Observação e Grave, ao realizar o exame foi diagnosticado retenção de placenta que após ser medicada o seu comportamento retornou ao normal.
Isso nos mostra como a tecnologia pode ajudar a melhorar os seus resultados reprodutivos, pois com o tratamento precoce da doença a vaca consegue recuperar seu estado de saúde e com isso voltar a ciclar novamente para uma nova concepção, diminuindo o período de serviço.
Como a Cowmed te ajuda?
Outra ferramenta que vai auxiliar na reprodução da fazenda é o Cow Analitycs, onde é possível ter acesso a todas as informações reprodutivas da sua fazenda de forma simples e prática.
Diagnósticos de gestação
Como a listagem de “Diagnóstico de Gestação” onde estão todas as vacas inseminadas nos últimos 24 dias e que não foram inseminadas novamente, podendo assim auxiliar o veterinário no dia do toque. É muito importante realizar o diagnóstico de gestação para identificar o mais cedo possível quais vacas estão vazias, pois possibilita na tomada de decisão em protocolar novamente esses animais ou descartar. Quanto mais tarde for realizado, maior será o intervalo entre partos e consequentemente maior queda na produção de leite. Geralmente esse manejo deve ocorrer 30 dias após a cobertura ou inseminação.
O resultado do diagnóstico pode ser registrado no sistema tanto pelo aplicativo como pela web, assim conforme o resultado o sistema irá registar o status reprodutivo para prenha ou vazia. A ferramenta também disponibiliza a segunda confirmação de prenhez, realizado por volta dos 60 dias após a inseminação, onde irá ter uma listagem de todas as vacas que já passaram pelo primeiro diagnóstico.
Análise da taxa de serviço
Analisar a taxa de serviço é muito importante, pois geralmente o produtor acredita que a taxa de serviço da sua propriedade é alta pelo fato de todas as suas vacas serem inseminadas. Entretanto, muitas vezes essas inseminações são realizadas em horários tardios não ocorrendo a concepção e com isso um retorno ao cio novamente.
Na aba “Serviços” o produtor ou técnico consegue visualizar qual a taxa geral de serviço de vacas e novilhas:
Monitoramento de retornos de cio
Para isso, a ferramenta oferece uma listagem de “Retorno ao cio”, onde estarão todas as vacas inseminadas no mês, considerando um ciclo de 21 dias podendo ter uma variação de 18 a 24 dias, o qual indica um dia de possível retorno, e se caso houver o alerta de cio essa informação aparece ao lado.
Relatório de doenças
Outra análise muito importante é a aba de “Saúde”, onde conta com o total de ocorrência de cada doença diagnosticada na propriedade, o histórico mês a mês de ocorrências possibilitando visualizar quais os meses que mais teve incidência de alguma doença, e também uma listagem de todos os animais diagnosticados.
Conclusão
A eficiência reprodutiva de uma fazenda inicia nos registros zootécnicos, com base em um acompanhamento individual de cada animal. Possuir os dados reprodutivos individuais baseados no lançamento dos exames reprodutivos realizados, ocorrências de enfermidades e registros de produção colabora na geração de índices que contribuem para uma tomada de decisão mais assertiva e possibilitar a realização de estratégias para que melhore os índices e a fazenda poça obter cada vez mais rentabilidade. Com o monitoramento CowMed você consegue ter tudo isso na tela do seu celular, tendo uma melhor organização dos seus dados possibilitando melhor avaliação dos seus índices e com isso o crescimento da sua propriedade.
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Amanda Uliana Manfio
Estagiária Customer Sucess e Suporte
Estudante de zootecnia