Você sabia que há diferentes fatores que afetam o ambiente ruminal e os processos de fermentação em bovinos leiteiros?
A dieta é considerada um destes fatores. Segundo Bergman et al (1990), os produtos finais da fermentação são parcialmente determinados pela natureza da dieta, que pode mudar a atividade metabólica dos microrganismos, provendo novos ou diferentes substratos que influenciam a quantidade e a natureza destes produtos. a dieta é, provavelmente, o fator mais importante que influencia o número e a proporção relativa das diferentes espécies de microrganismos ruminais.
A mudança abrupta em uma dieta é o principal fator que determina o grau de perturbação da fermentação ruminal e potenciais distúrbios digestivos. A partir disso o monitoramento do lote é de grande importância para acompanhar o desempenho e prever possíveis desequilíbrios internos prejudiciais aos animais.
Como estes desequilíbrios acontecem? A dieta faz com que os microorganismos presentes alterem seu balanço de fermentação, sendo seguido pelo ajuste das espécies microbianas, as novas situações. No caso de mudanças abruptas como podemos observar nos casos abaixo, o desequilíbrio dessas espécies microbianas pode abrir caminho para organismos facultativos oportunistas que podem dominar a fermentação, por meio da produção de ácidos e redução do pH ruminal, levando a distúrbios ruminais (VAN SOEST, 1994). O monitoramento então, conseguirá visualizar estes períodos de desbalanço da microflora ruminal, e prevenir a nível de controle sanitário e zootécnico o comportamento deste animal, podendo então intervir se necessário da melhor forma possível, dentro do caso em questão.
Além disso, a quantidade e a composição da dieta são variáveis externas que afetam a taxa de digestão e a taxa de passagem. A ingestão é regulada pela exigência do animal, composição da dieta e disponibilidade de alimento. A composição da dieta, geralmente, determina a distribuição da população microbiana, que utiliza os nutrientes do rúmen.
Dessa forma, dietas com altos valores proteicos favorecem microrganismos proteolíticos, enquanto as altas em amido, que são baixas em fibra, estão associadas a uma grande população de utilizadores de amido (VAN SOEST,1994).
A ocorrência de microrganismos celulolíticos em um número reduzido de animais alimentados com dietas ricas em concentrado dependerá do tamanho das partículas da fibra e da taxa de passagem. Com uma pequena quantidade de forragem grosseira, a taxa de passagem da fibra pode ser lenta e os microrganismos celulolíticos numerosos. (BRYANT E BURKEY, 1953)
Dietas baixas em fibra e que tendem a ter altas taxas de digestão e produção de ácidos graxos voláteis requerem um maior grau de tamponamento no sistema ruminal; tais condições favorecem espécies capazes de tolerar alguma queda no ph, geralmente microrganismos celulolíticos e metanogênicos, são menos tolerantes a estas mudanças. (SLYTER, 1976)
Ao observar a imagem, notamos que após o evento de manejo (mudança de dieta) os animais que se encontravam em homeostase, sentem as mudanças oriundas da troca de dieta em seu desempenho, decaindo seu tempo de ruminação por alguns dias. Esta mudança da dieta do animal resultará em um período de transição na população ruminal, em que a proporção das diferentes espécies ruminais, variam para um novo balanço, que melhor se ajustar às mudanças dietéticas. Esse fato refere-se à adaptação da população, que pode demorar dias ou até semanas, dependendo de quanto drástica é a mudança na dieta (OWENS E GOETSCH,1993).
Na segunda foto notamos essa mesma variação após a troca de dieta, no entanto esta mudança de dieta não gerou tantas oscilações no tempo de ruminação deste lote, neste determinado período observado, em função de uma melhor adaptação da microflora ruminal, onde em torno de uma semana o tempo de ruminação volta ao que era antes, seguindo a linha de tendência de ruminação estimada nos dias que antecederam a mudança da dieta.
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