Vacas confinadas e vacas à pasto, como se comportam?

O monitoramento animal é um recurso que está disponível e é viável em diferentes sistemas de produção de leite: extensivo, intensivo ou semi-intensivo. No entanto ele irá se comportar de maneiras diferentes de acordo com a individualidade de cada sistema, por isso é muito importante entender o que esperar de cada um.  

Comportamento animal

Vamos observar como é o comportamento de dois rebanhos monitorados pela Cowmed, sendo um rebanho de leite em sistema intensivo e um em semi-intensivo. Na figura abaixo podemos observar o comportamento de ruminação (linha verde), atividade (linha laranja) e linha de tendência (linha preta) que é calculada com base na média dos últimos 7 dias de uma fazenda em sistema intensivo. 


Figura 1: Avaliação de comportamento de lote de uma fazenda leiteira em sistema intensivo.


Podemos observar que o comportamento de ruminação e atividade desses animais é constante, sofrendo poucas alterações durante o período avaliado, isso acontece pela estabilidade da dieta em um sistema intensivo, e pela rotina de alimentação (alimento disponível sem restrição), onde todo o fornecimento da dieta é no comedouro (DA SILVA; SANCHES, 2020).   


A dieta dos ruminantes é composta por uma fração de alimentos concentrados e uma fração de alimentos volumosos/fibrosos, sendo ofertada na em maior proporção por volumoso, mais de 60%, pois são esses alimentos essenciais para o funcionamento adequado do rúmen (JUNIOR et al., 2007).  


Em sistema intensivo a fração volumosa é geralmente oriunda de alimentos conservados, como silagem de milho, sorgo e pré-secado de pastagem (Azevém-Lolium multiflorum, Aveia- Avena Sativa, Tifton- Cinodum dactilum entre outros).  Esse processo de conservação dos alimentos permite que não ocorra uma flutuação na composição nutricional e garante a estocagem de grades quantidades, isso contribui para fornecer uma dieta mais padronizada aos animais e replete em um comportamento de ruminação mais estável, como foi observado na imagem 1 (DANIEL et al., 2011).  


Já na segunda propriedade (figura 2), o sistema utilizado é o semi-intensivo onde os animais pastejam em um período do dia e recebem suplementação em outro.


Figura 2: Avaliação do comportamento de lote de uma fazenda leiteira em sistema semi-intensivo.  


Observamos que há uma maior variabilidade da ruminação e atividade, isso acontece por essa propriedade utilizar o sistema semi-intensivo. Um fator que contribui para esse comportamento é a necessidade de os animais percorrerem diferentes distâncias para buscar alimento (geralmente pastagem). É comum observarmos em sistemas que utilizam oferta de forragem na forma de pastagem, a divisão da área em piquetes, para melhorar o aproveitamento da forragem, então é inevitável que as vacas tenham que percorrer diferentes distâncias, de acordo com o piquete selecionado, o que influência no consumo dos animais e reflete na ruminação, vacas que caminham mais, consomem menos e ruminam menos.  


Além disso outro fator que irá interferir no comportamento alimentar e de ruminação do lote é a variação na composição da forragem, pois a planta passa por diferentes estágios vegetativos ao longo do seu ciclo, também fatores como disponibilidade hídrica, condições de fertilidade do solo, manejo, temperatura e luminosidade, vão interferir na qualidade da pastagem (SKONIESKI et al., 2011).  


Existe o melhor sistema?


Isso quer dizer que existe um sistema melhor que outro? Não! Existe o sistema que melhor se adapta a sua realidade. Existem diferentes características de cada sistema, ambos possuem suas vantagens e desvantagens.  


É importante, sempre, analisar as condições e as necessidades da propriedade. A escolha do melhor sistema de produção estará relacionada a diversos fatores como característica da raça dos animais, formas de manejo, sistema de alimentação e exigência imposta sobre a produtividade, bem-estar animal, genética e disponibilidade financeira para investimento (ZANIN et al., 2015).  


Algo que não muda e, inclusive, é essencial em qualquer propriedade leiteira é o comprometimento dos seus gestores, a propriedade de leite hoje em dia não pode mais ser tratada como a atividade de subsistência, mas como um negócio. Investir em tecnologias para o campo é vital para produzir de forma responsável e eficiente.


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Referências: 


Daniel, J. L. P., Zopollatto, M., Nussio, L. G. A escolha do volumoso suplementar na dieta de ruminantes. Revista Brasileira de Zootecnia, 2011; 40(1):261-269. 


 


Da Silva, P. H. N., Sanches, P. A. G. Comparação de bem-estar animal na produção de leite em compost barn e leite a pasto. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária, 2020; 3(2):189-193. 


 Júnior, G. L., Zanine, A. M., Borges, I., Pérez, J. R. O. Qualidade da fibra para a dieta de ruminantes. Ciência Animal, 2007; 17(1):7-17. 


Skonieski, F. R., Viégas, J., Bermudes, R. F., Nörnberg, J. L., Ziech, M. F., Costa, O. A. D., Meinerz, G. R. Composição botânica e estrutural e valor nutricional de pastagens de azevém consorciadas. Revista Brasileira de Zootecnia, 2011; 40(1):550-556. 


Zanin, A.; Favretto, J.; Possa, A.; Mazzioni, S.; Zonatto, V.C.S. Apuração de custos e resultado econômico no manejo da produção leiteira: Uma análise comparativa entre o sistema tradicional e o sistema freestall. Organizações Rurais & Agroindustriais, 2015; 17(4): 431-444 


Jordani Borges Cardoso

Analista De Customer Sucess

Zootecnista